As dificuldades sofridas com a falta de combustível no período da paralisação dos caminhoneiros levantaram novamente a questão da alta dependência que nossa matriz de transporte tem de combustíveis fósseis, seja para transportar cargas ou pessoas.

Neste momento, ganham destaque novamente as iniciativas ainda isoladas de empresas que investem em motorizações alternativas aos derivados de petróleo, como a eletricidade, hidrogênio, gás metano e outros.

No transporte público de São Paulo, os corredores onde circulam ônibus movidos a eletricidade (trólebus) não foram afetados pela greve que provou desabastecimento de combustível. Segundo informações da SPTrans, órgão gestor do transporte urbano da cidade de São Paulo, durante a paralisação dos caminhoneiros, a operação mínima dos ônibus chegou a atingir 40% da frota programada, mas as linhas de trólebus não foram afetadas.

A frota do sistema municipal de transportes de São Paulo conta com cerca de 14.500 ônibus em operação e, destes, 200 são trólebus, uma proporção mais do que tímida para a maior cidade do país. Há menos de 10 veículos movidos a bateria.

Já os trólebus circulam em dez linhas operadas pela empresa Ambiental Transportes Urbanos. São ônibus compostos por chassis Mercedes-Benz, Scania, TuttoTrasporti Volkswagen. As carrocerias foram fabricadas pelas empresas Busscar, Caio Induscar e Ibrava.

No edital de licitação de concessão do transporte público sobre pneus da cidade de São Paulo estão previstas metas para redução de poluentes, sem definição das tecnologias que deverão ser adotadas, e a entrada de 50 novos trólebus para otimizar o aproveitamento da capacidade elétrica instalada.

Vale lembrar também que, em 2018, o então presidente Michel Temer lançou um projeto para adoção de metas para reduzir as emissões de gás carbônico na matriz de combustíveis em 10,1% até 2028, dentro da Política Nacional de Biocombustíveis, o que mostra a importância de se adotar combustíveis alternativos para o transporte. Os veículos elétricos poderão colaborar também nesse sentido.

Na região do ABC paulista, a Metra Transportes opera uma frota de 260 ônibus, dos quais 85 trólebus, 15 híbridos, dois Dual Bus – conceito de ônibus que reúne duas tecnologias no mesmo ônibus: opera como elétrico híbrido ou só com baterias por 20 quilômetros – e um elétrico puro. Os veículos têm, em sua maioria, chassis Mercedes-Benz com carroceria Caio – alguns híbridos são Mercedes-Benz com carroceria Marcopolo. A Metra é considerada a empresa nacional com mais veículos movidos com fontes de energia renováveis e não fósseis.

Segundo informações da empresa, por ter essa diversidade na frota, os usuários das linhas da Metra praticamente não foram impactados durante a falta de combustíveis decorrente da paralisação dos caminhoneiros.

Todos os veículos elétricos operados pela Metra foram fabricados no Brasil, a sua maioria pela Eletra, empresa nacional criada em 1988. Atualmente, há cerca de 400 ônibus com tração elétrica da Eletra em operação na grande São Paulo, além de cidades como Rosário, na Argentina, e Wellington, na Nova Zelândia. A fabricante mantém linhas de produção de veículos com as seguintes tecnologias: trólebus (rede aérea); híbrido (grupo motor gerador + baterias); elétrico puro (baterias); Dual Bus – híbrido e trólebus, e Dual Bus – híbrido e elétrico puro.

Do Future Transport em 14/06/2018: Clique aqui para ler a matéria completa